quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Zé Ninguém à beira do fogão




Numa vila distante da cidade
Morava o Zé Ninguém.
Zé Ninguém, filho do Seu Jão com Dona Maria
Era o símbolo da humildade e da ternura.

Não era letrado, não tinha o saber da cultura moderna,
Mas tinha no coração o saber do povo irmão!
Zé Ninguém trabalhava na terra, plantando feijão!
O dia inteiro na labuta e a noite estava na casa do Seu Jão!

Voltava pra casa, gastava meia-hora, não tinha tristeza
Só alegria, cantarolava as músicas do sertão,!
O tempo passava e feliz então, Zé Ninguém ia comer o seu pão,
Conversar com Seu Jão e  Dona Maria na beira do fogão.

Idade chegando, o tempo passando, Zé Ninguém foi crescendo.
Um dia o pai morreu, Zé Ninguém chorou, sofreu, mas,
A rotina continuou, na falta do pai amigo, o ombro de Dona Maria
Era o seu recanto de domingo!

Dona Maria envelheceu e um dia ela também morreu...
E Zé  desvaneceu, não sabia o que fazer depois do feijão,
Sua vida era seu pai, sua mãe – não tinha irmão!
Na cabeça do Zé o pensamento: e agora o que eu faço?
Vou ao encontro do meu pai? Vou plantar feijão?  E mais tarde na beira do fogão?
Aqui fica a interrogação!

Zé Ninguém sozinho estava, pois não fora preparado para o arrebento do cordão!
E isso o levou a outra situação!
Situação nova como um bebê vendo o bicho papão!
Para o novo ele  não foi preparado, na beira do fogão, aos prantos Zé agonizava no chão!

Esta história nos mostra como  devemos nos preparar para os encalços da vida!
Eu, você, meu filho e o seu, devemos estar sempre ligados, mas também preparados,
Para os próximos passos que um dia serão tomados.

As etapas da vida são cheias de surpresas, agradáveis ou não,
Olhe-se no espelho, se prepare então.

Se for responsável pela formação de alguém,
Filho, aluno, seja  ele quem for,
Ensine-lhe esta lição,
A vida não se resume num pé de feijão ou na beira de um fogão,
As coisas boas da vida nunca podem ser esquecidas ou desvalorizadas,
Valorize sempre esses momentos, mas saiba que, até seu último suspiro
Você estará respirando novas realidades e para elas deverá estar preparado.
Preparado para vencer, preparado para viver!

Ah, antes de terminar, gostaria de lhe falar:

Zé Ninguém caminhou e mesmo achando que tudo acabou
Uma bela moça encontrou, com ela um dia se casou...
Hoje na beira do fogão à noite  ele se encontra com sua amada e seus três filhinhos,

Mas na cabeça tem o saber que um dia vai morrer...
Assim, já prepara e conversa com os meninos: vão viver a vida,
Vão estudar, conhecer pessoas e novos ambientes,
Cada um siga sua caminhada e aquilo que gostar como empreitada!
Mas nunca se esqueçam do fogão, do café quente e do pão  e desta pessoa, que um dia se achou “ninguém”, mas que  hoje se acha gente!


Autor: Edson José Tavares


Publicado no site Recanto das Letras em 11/04/2009


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