sábado, 8 de abril de 2017

NÃO SE QUEBRA MACARRÃO PARA SE COZINHAR NA PANELA

NÃO SE QUEBRA MACARRÃO PARA SE COZINHAR NA PANELA.


Eram os idos de 1994, casa nova...fogão novo... cozinha nova! E, por sinal, uma manhã de domingo e já havíamos chegado da Igreja de Nossa Senhora de Lourdes como de costume. Não tínhamos as crianças. Éramos dois. Hora do almoço... e, para variar, a fita de Padre Zezinho deslizava no Sony que sempre acalentava todos os domingos aquela casa lá na Rua Costa Rica. A preparar o prato daquele dia estava a mulher da minha vida como o é até hoje. Era macarronada ao alho e óleo. O prato dos deuses. Não seria muito desafiar quem pudesse ou pode fazer um igual. Não sou muito de cozinha, faço companhia... troco a fita. Mas aquela fita não. Mais uma... e mais uma... e mais uma e, por fim, mais uma. Não saía o Padre Zezinho do ar. E lá estava ela, preparando uma macarrão como ninguém. Mas êpa! Cuidado. A água ainda está fria, não está fervendo. A música transitava na casa inteira, atingia aos vizinhos e... não sei se incomodava, todavia, imaginava que não. A mensagem que trazia o vento era impressionante. Falava de algo que enchia os olhos de lágrimas, do Filho de Deus... da Barca que estava a esperar por alguém... do quadro de Maria e José estampado na parede... ainda vejo aquele cheiro de sonho no ar. Novamente imagino que os vizinhos também. Voltemos ao macarrão. A água já estava fervendo e... o tempo parou! Vejo uma ponte do hoje a ontem e não há como separar. Está dentro da alma. Do espírito. Ainda vejo ao fundo da cozinha uma janela que brindava a mais linda paisagem e... os vizinhos que incomodava. Coitados, dois malucos cantando num domingo de macarrão. Uma pitada de sal... uma pitada de risos.. e assim o domingo ia passando. Confesso que não faltava uma pitada de aaaa... aaaaalllcooollll... sim, uma cervejinha no domingo não faz mal a ninguém. Puxa, que túnel é esse! Túnel do tempo. E de repente o grito! Espere... não faça isso! É um crime! Não quebre o macarrão para se colocar na panela! Daquele dia, a e até hoje, a macarronada nunca mais foi a mesma!

Nenhum comentário:

Postar um comentário